SERRA DO CAFEZAL:
O ATRASO TECNOLOGICO DA BR 116




INTELOG Inteligência em Gestão Logística

Artigos / Entrevistas (13/04/11)


Geól. Álvaro Rodrigues dos Santos (santosalvaro@uol.com.br)
• Ex-Diretor de Planejamento e Gestão do IPT e Ex-Diretor da Divisão de Geologia;
• Autor dos livros "Geologia de Engenharia: Conceitos, Método e Prática", "A Grande Barreira da Serra do Mar", "Cubatão" e "Diálogos Geológicos";
• Consultor em Geologia de Engenharia, Geotecnia e Meio Ambiente;

A polêmica arrasta-se há já mais de 10 anos e a duplicação da Rodovia Régis Bittencourt no trecho paulista da cabeceira da Serra do Mar, localmente sob a denominação de Serra do Cafezal, compreendido entre os quilômetros 336 e 367, ainda está a depender do resultado de complicadas decisões judiciais ou, em uma alternativa mais virtuosa e breve, do bom senso dos empreendedores.

De um lado numerosas e aguerridas organizações ambientalistas e da sociedade civil lutando para preservar as condições e atributos ambientais da região serrana, em especial da bacia hidrográfica do Ribeirão do Caçador, para tanto defendendo técnicas rodoviárias que garantam a integridade desse valioso patrimônio natural; de outro, a concessionária Autopista Régis Bittencourt S/A, pertencente ao grupo OHL Brasil, defendendo opção de traçado e de técnicas rodoviárias que lhe parecem mais favoráveis em uma relação simples custo/benefício.

A necessidade logística, social e econômica da duplicação da Régis é indiscutível; é até incompreensível que essa elementar providência viária não tenha sido executada há muito mais tempo considerando que se trata de uma das principais rodovias do país. A freqüência de terríveis acidentes e de imensos congestionamentos argumenta por si própria sobre a urgência com que essa duplicação se faz necessária.

Importante considerar que as técnicas rodoviárias adotadas ainda  quando da abertura dessa rodovia em seus trechos mais montanhosos, fundamentalmente baseadas no encaixe da pista no terreno através de uma sequência de cortes e aterros, decorrência do estágio tecnológico da engenharia viária da época (anos 50 e 60), são em grande parte responsáveis pelo enorme número de acidentes e paralisações de tráfego.

O fato explica-se pela incompatibilidade dessa concepção de engenharia com as características geológicas e geotécnicas da região, já naturalmente propensa a deslizamentos de solos e rochas. Os cortes e aterros cumprem assim o papel de induzir e potencializar os deslizamentos, especialmente em períodos de elevada pluviosidade.

Aliás, ainda nos tempos coloniais começou-se a perceber que a Serra do Mar não apenas representava uma formidável barreira topográfica. À medida que os meios de transporte exigiam estradas mais largas e com rampas menos acentuadas, foram inevitáveis obras, como cortes e aterros, que implicavam em problemáticas interferências no equilíbrio natural das encostas da serra.

Apresentou-se então como problema adicional ao grande desnível topográfico e acentuadas declividades do terreno, a enorme suscetibilidade natural dessas encostas a escorregamentos de solos e rochas, os quais tornaram as obras, como o próprio uso das estradas, uma incrível odisséia técnica e financeira para a sociedade paulista, muitas vezes com tons trágicos.

Por Geól. Álvaro Rodrigues dos Santos
Divulgacao: SERRA

Mapa

Fonte: Alerta Geral Br 116/SP – OHL Brasil – Serra do Mar ( DOC CEAC 2011) TRAÇADOS ALTERNATIVOS PARA A BR-116 NA SERRA DO CAFEZAL (11pgs.) " Com o intuito de minimizar os problemas ambientais gerados pelo projeto escolhido em cortes e aterros, bem como as discussões jurídicas decorrentes, os problemas de erosão e a instabilidade dos taludes que poderão afetar a operação da estrada durante sua vida útil, apresentam-se a seguir alternativas de traçados com trechos em subterrâneo que podem ser contempladas.  Eng. Argemiro Alvares dos Santos- CREA 41.679/D presidente do COMITÊ BRASILEIRO DE TÚNEIS (CBT) da Associação Brasileira de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica (ABMS), 06/07/1998;Crédito Imagem: Alternativas plotadas no Google Maps pelo Geol. Hugo Cássio Rocha MBA Msc. Eng. , 2005.
 
Divulgacao: BH Ribeirao do Caçador Tributario Timbukatuiterei WWD 2011